Mensagem do/a Titular
Descrição
-
O MiCULT, dentro da sua política de preservação, pesquisa e divulgação do património cultural angolano, tangível e intangível, definiu um conjunto de estratégias executivas e entre as quais consta a criação de centros culturais pelo país inteiro.
É nesse âmbito que foi concebido e construído o primeiro Centro Cultural do país, o Centro Manuel Rui, um instituto público, doravante grafado por CCMR, pelo decreto presidencial nº 108/24, de 7 de Maio, que "visa promover e assegurar a cultura, publicação , preservação e divulgação, assim como na salvaguarda do Património cultural local e nacional...", lê-se no seu artigo 2º, nº 2.
Não restam dúvidas de que o Homem é produto e produtor da cultura. A sua essência e existência antropológicas são fundamental e simultaneamente moldadas pela natureza, sociedade e cultura. Claramente, se o Homem é o texto, então a natureza, a sociedade e a cultura são os contextos. Não pode haver textos sem contextos. Tudo o que os homens são e fazem ou é natural ou é social ou é cultural, ipso facto, transmitido ou produzido.
Os homens existem sempre em relação a algo superior, igual ou inferior a si, no caso, algo que é natural, social, cultural ou sobrenatural, concebido ou construído. A cultura não é um ente singular, mas sim colectivo e um "complex web of significance" ( uma teia complexa de significados), tal como o dizia Max Webber. Portanto, o social está intimamente ligado ao cultural, ao símbolo e ao significado. Só o Homem é capaz de fazer isto.Neste comenos, o CCMR pretende ser este espaço de construção e interpretação de teias de significação cultural, de convivência social e cultural com todas as franjas da sociedade, e um espaço de construção do conhecimento e do imaginário, trazendo alegria, cor, ritmos , compasso, rimas, entusiasmo, pesquisa, emoção, lazer, o melhor da arte e a arte no seu melhor e nas suas variadíssimas formas (literatura, teatro, pintura, escultura, dança, música, cinema, humor, desporto, língua) e promovendo assim os valores da ancestralidade, da angolanidade, da tradição e da modernidade. Inspirando -se na sabedoria dos ancestrais e na bravura dos heróis conhecidos e anónimos que lutaram pela afirmação da identidade popular e pela independência nacional de Angola por meio da conscientização, da pólvora, da caneta, da fé e da esperança, o CCMR, apoiado pelos seus "operários da cultura", deve procurar ser um fiel intérprete das aspirações patentes e latentes desses valorosos compatriotas que lançaram as sementes da angolanidade, claramente lidas no Movimento dos primeiros nacionalistas em 1948 : "Vamos descobrir Angola".
Estamos instados a não falhar! Faça sol, faça chuva, o CCMR deve contribuir na construção das paredes da nação angolana, que nasceu diversificada, renasceu das cinzas da guerra civil, não obstante, caminha unida, apesar dos desafios da reconstrução nacional e da riqueza das suas diferenças culturais e políticas.
Foi feliz o Estado angolano ao escolher Manuel Rui Monteiro como seu digno patrono, um homem de vasta cultura poliédrica: jurista, político, escritor, humorista, professor...etc., no âmbito dessa estratégia cultural acima referenciada. A sua grandeza cultural deve inspirar-nos a todos e a sua humildade científica enobrecer ainda mais o CCMR, um lugar da divulgação e preservação do património cultural angolano, e não só, e da sua internacionalização.
Por isso, estaremos ainda abertos a contribuições e críticas construtivas de todos agentes sociais e culturais, e não só, que queiram elevar este primeiro centro cultural do país ao areópago da sua grandeza arquitectónica e humana. Queremos que ela se torne significante, vivificante e contagiante, exaltando sobretudo o património cultural de Angola, de Cabinda ao Cunene e de mar ao Leste, fervilhando o entusiasmo e a esperança do povo angolano que vai somando vitórias e ensinando a cultura da paz e a paz da cultura, o valor da tolerância e do diálogo na resolução de conflitos aqui e pelo mundo fora.
Portanto, nestes cinquenta anos de independência Cultural de Angola,
"Preservemos e Valorizemos as Conquistas Alcançadas, Construindo um Futuro Melhor"
Estamos juntos!
Huambo, 01 de Agosto de 2025O Director do CCMR
Gregório Tchikola