O Centro Cultural Manuel Rui acolheu um dos momentos mais emocionantes da agenda cultural da cidade, com o lançamento do livro O Huambo e o Cinema Ruacaná, assinado por Manuel Rui, Fernando Oliveira, Artur da Costa, António Faria, e António Segadães. A cerimónia abriu de forma triunfal com o Hino Nacional entoado em umbundu pelo coral infantil Henrique Etaungo, momento que arrebatou os presentes pela força simbólica do resgate identitário. Contou também com a atuação do grupo “Anjinhas da Sé”, que interpretou Meninos do Huambo, de Manuel Rui, e declamações dos seus poemas, pela estudante Aurora Fansony e por Vânia Monteiro, filha do autor, além de declamações na voz do Poeta Imortal, trazendo à sala a intensidade da memória e da emoção.
Na sua intervenção, o director do Centro Cultural, Gregório Tchikola, destacou o orgulho em receber os autores e homenagear Manuel Rui, a quem chamou de “filho da terra e compatriota sem medidas”. Em nome do Governo Provincial, transmitiu também a saudação do Governador Pereira Alfredo.
O editor da Mayamba, Arlindo Isabel, sublinhou que a obra representa “mais do que um livro: é um reencontro com memórias que marcaram gerações e que permanecem vivas na alma do Huambo”. Já o apresentador da obra, Eduardo Valeriano, classificou o lançamento como “um testemunho patriótico e cultural de enorme relevância, capaz de reconduzir os leitores às tradições, às lutas e à vitalidade da cidade”.
Entre os autores, Fernando Oliveira frisou que “o livro não é apenas dos escritores, é do Huambo. É para as novas gerações, que precisam saber que a cidade já foi palco de encontros e sonhos projetados em imagens”. Artur da Costa definiu a obra como “um testemunho de pertença”, acrescentando que cada capítulo “é um fragmento de memória que, juntos, devolvem a grandeza cultural do Planalto Central”. Para o autor, mais do que registo histórico, trata-se de “um convite à reflexão sobre o papel do cinema e da cultura na construção da cidadania”.
Na mesma linha, António Faria lembrou o impacto social e afetivo das antigas salas de cinema, destacando o Cine Ruacaná como “ponto de encontro, lugar de partilha e palco da modernidade da época”. Acrescentou que “preservar estas memórias é também projetar futuro, porque nenhuma cidade avança sem honrar o seu passado”.
A sessão incluiu momentos simbólicos, como o improviso de Manuel Rui, que respondeu a uma questão cantando em umbundu, acompanhado pela cantora Edna Mateia e pelo público, numa celebração espontânea da identidade cultural. Houve ainda doações significativas: Fernando Oliveira entregou ao Arquivo Provincial do Huambo o livro do antigo Governador Pinto, recebido pelo Director Provincial da Cultura e Turismo, Jeremias Chissanga; enquanto Artur da Costa ofereceu exemplares ao Centro Cultural Manuel Rui, recebidos pelo director-geral Gregório Tchikola.
O evento reuniu autoridades governamentais, académicos, representantes da sociedade civil e autoridades tradicionais, transformando-se num verdadeiro festival de memória e identidade. O encerramento foi marcado por sessões de autógrafos e saudações aos autores, num ambiente de celebração coletiva.
Mais do que o lançamento de uma obra literária, a ocasião representou a consagração da memória viva do Huambo e de um dos seus espaços simbólicos, o Cine Ruacaná. Com esta publicação, reforça-se o compromisso da província com a salvaguarda do património cultural e consolida-se o papel do Centro Cultural Manuel Rui como plataforma de reflexão e promoção de iniciativas que ligam o passado, o presente e o futuro do cinema no Planalto Central.